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De uma forma crescente, a mídia vem divulgando dados relacionados às perdas muitas vezes irrecuperáveis ao meio ambiente. A saúde física e mental das pessoas é ameaçada pela urbanização acelerada, pelo adensamento populacional dos grandes centros e pela grande desigualdade social. O modelo de desenvolvimento que vivenciamos estimula o consumo inconsciente e inconsistente gerando imensas pressões sobre o meio. O consumismo insaciável de satisfação imediatista é um fator que contribui para a degradação ambiental. Essa é uma realidade mundial. A cultura e prática consumista é acumulativa e assustadora: "Só o Brasil produz 240 mil toneladas de lixo por dia. O aumento excessivo da quantidade de lixo se deve ao aumento do poder aquisitivo e ao perfil de consumo de uma população.” - AjudaBrasil.
A proposta do momento é o Desenvolvimento Sustentável, por meio do qual se atenderiam as necessidades do presente sem comprometer o direito das futuras gerações de atender suas próprias necessidades. A retirada desgovernada de insumos da natureza sem considerar a capacidade de reposição e o descarte de restos indesejados - processos marcados pelo desperdício - pressionam os ecossistemas, de maneira tal, que trazem à reflexão a responsabilidade social e ambiental. É realmente explícito que correr, caminhar, escalar, velejar como também PEDALAR é preciso!

           
Acompanhando diariamente os grupos virtuais de discussão, associações, eventos e manifestações em defesa do uso da Bicicleta, acreditamos estar no caminho certo. O uso desse veículo relativamente simples e eficiente acaba se tornando um hábito que sem querer nos envolve em tantas discussões, traz idéias de inovação e faz irmos em busca de nossos limites, acendendo dentro de nós uma chama que nos mantém vivos: perceber que lutamos por algo que não sabíamos ou não acreditávamos que éramos capazes. A partir do momento que isso toma um formato coletivo, e percebe-se a importância de unir pessoas à quebrar paradigmas, acreditar em diferentes alternativas e superar seus próprios limites, surge um sentimento positivo e comovente, que faz refletirmos que lutamos por um mundo melhor. E é com essa motivação que nos unimos por mais uma experiência cicloativista, através da biorota Carretera Austral. Através desta deslumbrante dinâmica meditação buscamos transcender na aventura mais importante e ao mesmo tempo perigosa de todas: a descoberta do eu interior. Lugar este, que pode oferecer maiores perigos, que a travessia de um deserto. É com esta satisfação de saber que as sementes que plantamos nas palestras, áudio-visual, exposições fotográficas e relatos das viagens anteriores, estão brotando. Somos esse ano um dos três grupos de alunos da UFSC que se organizaram em torno do objetivo comum de utilizar a Bicicleta como meio de transporte em longas distâncias.
Tal parceria chama também nossa atenção a conhecer a problemática atual de nossos amigos continentais, e mais uma vez nos mostra que compartilhamos situações bastante semelhantes e temos muito o que aprender com as experiências um do outro. A região aqui tomada como roteiro, exerce fascínio em qualquer um que se depara com relatos de pessoas que por ali pedalaram. As altas latitudes, as condições extremas de terreno, clima e isolamento, despertam uma vontade imensurável de chegar aos confins do continente com o esforço das próprias pernas. A garantia do bem-estar físico e mental ao final da pedalada nos dá a certeza de que estaremos fazendo a escolha que nos garante nossa auto-preservação, tanto pelo que provoca ao ser como pelo que não provoca ao meio.